Amplificando Vozes, Quebrando Barreiras.
Rio de Janeiro, 06/11/2025 – O Coletivo TEAndo Voz participou, nesta quinta-feira, de uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) para discutir "Os Desafios para a Implementação da Política de Cuidados". O evento, presidido pela Deputada Renata Souza na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, teve como um dos focos centrais a realidade das mães de crianças com deficiência, especialmente as da Baixada Fluminense.
Durante a sessão, a cofundadora e presidenta do coletivo, Vanessa Ferreira, trouxe um dos obstáculos mais concretos enfrentados por essas mulheres: a insuficiência do vale social. “Como falar sobre a política do cuidado sem mencionar a limitação do vale social?”, questionou.
Barreira no Transporte Compromete o Cuidado
Vanessa explicou que o benefício atual garante apenas uma passagem de ida e volta por dia, totalizando 30 ao mês, que não são acumulativas. Na prática, a rotina de terapias e consultas médicas, que pode ocorrer mais de três vezes por semana, consome o benefício rapidamente. “No fim do mês, muitas já esgotaram o benefício e precisam tirar do próprio bolso para continuar garantindo o cuidado dos filhos”, relatou. “Estamos falando de transporte público — um direito básico, não um privilégio.”
A presidenta do TEAndo Voz detalhou ainda outras faces do problema: a falta de ônibus escolares acessíveis e com monitores obriga as mães a depender do vale social, e a burocracia e a grande distância até os serviços públicos agravam a situação. Ela também compartilhou sua experiência pessoal: “Ainda há mães que caminham quilômetros... Eu, por exemplo, levo meu filho e depois preciso voltar a pé para casa, repetindo o mesmo trajeto mais tarde para buscá-lo. Só posso utilizar o vale quando estou acompanhada dele”.
"Não Queremos Ser Chamadas de Guerreiras, Mas Mulheres com Direitos"
O apelo feito à Assembleia foi claro e direto. “O que pedimos é simples: um vale social ilimitado, que garanta às mães o direito de ir e vir com dignidade, sem precisar escolher entre a terapia do filho e o pão de cada dia”.
Para o coletivo, a ocupação desses espaços é fundamental para construir políticas públicas que de fato atendam às necessidades reais da população. A fala de Vanessa encerrou com um recado que resumiu o objetivo da luta: “Nós não queremos ser chamadas de guerreiras. Queremos ser reconhecidas como mulheres com direitos. Queremos uma política do cuidado verdadeira, que nos acolha, nos respeite e nos permita cuidar de nossos filhos com dignidade.”
A iniciativa reforça a urgência de se criar redes de apoio e suporte que respondam à pergunta central levantada pelo movimento: "Quem cuida de quem cuida?".